A dor de uma ausência

Cada vez mais, temos menos tempo para o que gostamos, logo, não temos tempo para os que gostamos. Vejo que muitas pessoas valorizam o que tem, mas a grande maioria não. E apenas dão o valor estimado para aquilo que tem, quando perdem. É bem verdade que nada é eterno, principalmente as coisas materiais que são como pó, vão se com o vento e o tempo. Mas também existem aquelas coisas que nos marcam, como uma presença, um olhar, um cheiro, uma risada, um carinho, um beijo, uma companhia na hora certa, enfim.

Trancar o dedo numa porta dói, bater com o queixo no chão dói, torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, morder a língua, dói. Cólica, cárie e pedra no rim também doí. Mas o que mais dói é a ausência da saudade. Não falo aqui apenas da saudade interpessoal, mas também daquilo que já passamos, tivemos e vivemos.

Saudade é um não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno, não saber mais se ela continua pintando o cabelo, não saber se ele ainda usa a camisa que você deu, não saber se ele tem feito as refeições de maneira correta, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele ainda escuta os mesmos Cd’s, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros.

A dor de uma ausência, é não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, daquilo que você já teve, ou mesmo daquela taça de vinho a mais na mesa. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ele(a) esta com outra(o), e ao mesmo tempo querer.

A ausência da saudade, é nunca mais saber daquilo que passamos e tivemos, e ao mesmo tempo aqueles que consoco estiveram, mas mesmo assim ter saudade desta ausência.

Saudações as ausências que trazem saudades..