De repente, sem notificação prévia para amenizar
o inevitável susto, encontramos o passado numa hora qualquer desta vida.
De uns a gente tem até vaga lembrança e alguma
dúvida sobre quem seja. E isso demonstra que a pessoa teve pouca ou nenhuma
importância para nossos sentimentos.
Às vezes, nem do nome lembramos e aí, o
constrangimento se apresenta por inteiro.Outras vezes um reencontro, marca e as sensações
que se antecipam já nas vésperas, anunciando fortes emoções.
Quando reencontramos alguém que mexe com as
entranhas dos nossos sentimentos é grande o esforço para nos mantermos
contidos. O tom da conversa e a profundidade do olhar vão mostrar se tudo
sucumbiu ao silêncio e à distância, ou se há chance de o passado emendar sua
história com o presente, produzindo outro capítulo entre ambos que se encontram.
A ausência não consegue corroer uma amizade
selada pelo coração, assim é o encontro de velhos amigos que logo armam uma
festa quando se avistam. Assim, o antigo diálogo reinicia como se jamais
tivesse sido interrompido e a atualização é tão rápida, que parece que é feita,
pelo F5. Ansioso estamos, por compensar todo o tempo que não passamos juntos,
embora saibamos que haverá uma nova despedida.
Há ainda, reencontros que faríamos qualquer coisa
para evitar. Dobrariamos a primeira esquina, nos abaixaríamos fingindo pegar
algo no chão, puxaríamos a gola até as orelhas e o chapéu até cobrir o rosto,
ainda há a hipótese de pegar um jornal emprestado e nele enfiar a cara até que
o perigo do reencontro seja totalmente superado.
Porém, pensando bem, todo esse desgaste é pura
tolice. Não tem sentido, pois já passou o fato que nos vinculava a alguém e
nada vai impedir que a vida siga seu curso, sem aquele reencontro.
É inútil qualquer manifestação de ressentimento. Um cumprimento rápido que demonstre
civilidade e um adeus talvez, nada mais.
É preciso esvaziar as mágoas até que possamos
beirar a insensibilidade e a indiferença dos (re)encontros.
Deste modo seguiremos adiante, leves e livres do
fardo que carregamos quando nos damos o trabalho de detestar alguém, mesmo que
tenhamos razão para fazê-lo.
Saudações aos reencontros!
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